Que tal repensar o posicionamento pessoal e social?

É grave! Quase sem dar por isso, saímos do Inverno e entrámos na Primavera. Porque existe uma pandemia que está a «mexer literalmente» com todo o mundo. Há verdadeiro perigo no ar e, para um ser humano, que precisa de respirar para sobreviver, faz com que este surto seja verdadeiramente critico.

Perdoem-me as palavras ou as expressões menos felizes, mas estas circunstâncias deixam-me com poucas alternativas para evitar que não compreendam a gravidade da situação.

Antes, há que «chamar a atenção» para o que está a ser menos bem feito, para preparar-nos um pouco mais o nosso futuro, as decisões e escolhas que vamos ter que fazer.

Quando no inicio de 2020 tomámos conhecimento que lá longe, na Ásia, que existia um novo tipo de gripe, nem sequer demos a devida atenção, nem tomámos desde logo as melhores decisões, porque não tínhamos consciência do que era «isto».

Para nossa sociedade de consumo, habituada a «gastar os recursos do planeta numa velocidade superior à sua regeneração, sem limite de milhas, liberdade quase total, ficar obrigada e circunscrever-se a uns metros quadrados, é terrível. Mas é a realidade. Cada caminhada, cada passeio, cada saída, pode ser fatal.

Agora, que a pandemia entrou em território nacional, já começou a matar cidadãos nacionais, tomámos as medidas mais drásticas. Sem dúvida nenhuma, que tínhamos sempre que fazer este processo de isolamento social. Mas nesta altura, com cadeias de contaminação ativas, vamos ter que ficar em casa o dobro do tempo, à espera que o Serviço Nacional de Saúde resolva os problemas que o Governo criou, ao aguentar decisões até ao limite.

Há setores de atividade que estão verdadeiramente «tramados», mas quem vive dos serviços e não da produção, está sempre mais sujeito à volatilidade da sociedade. Se calhar, quando vendem aos estudantes vários tipos de profissões sedutoras na área de serviços, não explicam a parte do risco que é ter uma profissão destas.

Se fechassem logo no início o país, em 45 dias (cerca de três cadeias temporais de contaminação) podia estar tudo resolvido, agora, apenas 20 dias depois da confirmação do 1.º caso em solo nacional, talvez 90 dias (o dobro do tempo, qual o prejuízo?) não cheguem para estancar todas estas cadeias de contaminação ativas.

Bem, esta fragilidade de continuar com as fronteiras abertas, os voos, os paquetes, os turistas nos hotéis, os portugueses que chegavam do exterior sem cumprir quarentena, voilá, o cocktail perfeito para uma disseminação em todo o país. A vontade que continuasse a «pingar» mais uns trocos enquanto que outros países ficavam em dificuldade. A ganância de «ganhar» mais uns cobres com cidadãos de outros países sem saber o estado de saúde, deu nesta situação. Enfim, a triste sina portuguesa, pensar muito pequenino, talvez derivado do tamanho do país em relação aos demais.

É uma pena, vergonhoso, ultrajante, perante o maior problema sanitário a nível global, a nossa sociedade considerar a vertente económica como o topo da pirâmide. Todos os gestores e administradores sempre leram nos livros ou ouviram falar de «uma vida não tem preço». Os bancos, tirando a CGD que já se lançou com moratórias nas dívidas, são de uma hipocrisia extrema. Deixa-me triste que um banco, perante uma adversidade destas, apenas considerar emitir novos cartões sem custos, mas atenção, com a funcionalidade contacless. Apetece dizer:- «Ena pá, cum camandro, grande decisão! Não estava à espera de tanta generosidade! Pessoal a ficar liso para pagar as despesas, rendas, mas, a pensar «uau, até vamos ter um cartão que previne o contacto.»

Mas parece que sim, que vamos ver a banca a «gerir» grande parte dos 19 mil milhões que Portugal vai ter, pois o BCE já garantiu um apoio de 750 mil milhões de euros UE, tocando a Portugal esse tipo de quantia. E a UE a referir que se o orçamentos nacionais derraparem não faz mal, este ano tudo é permitido para suprir as necessidades.

O Serviço Nacional de Saúde precisa de todo o apoio possível! Foram apanhados de surpresa, não têm meios técnicos ou humanos para suportar a avalanche de pessoas que vão ter que cuidar em tão pouco tempo, até porque, existem todas as outras patologias e tratamentos normais para realizar. Precisam de máscaras e luvas como nunca precisaram, … e só agora vão às compras, sabendo que têm a concorrência de todos os países e da especulação de preços «normal» neste contexto.

Precisam de mais pessoas, pois trabalhar um mês nestas condições deixa os profissionais de rastos. Veja-se a tragédia Italiana, cada dia que passa é um tormento, parecem cenas tiradas de filme de ficção científica, mas infelizmente é a realidade dos nossos dias. Felizmente, nos últimos dois dias tem diminuído a tragédia.

Pois bem, agora, o presente para a maioria é o teletrabalho, o isolamento social e a reformulação, a bem ou mal, da posição na vida. E uma mudança, nem sempre é bem aceite. Mas há mudanças que são inevitáveis, e esta, é uma dessas situações. Afinal, é algo extremo que nos obriga a nova abordagem. A sociedade não vai ser a mesma, nem pode ser a mesma.

Vamos então fazer um esforço para mudar. Esta mudança tem que ser para melhor. Afinal, esta doença, provocou uma «paragem coletiva», onde finalmente estamos a poluir o planeta de uma forma sustentável. Quem diria? O sacana do vírus conseguiu o que as organizações mundiais e nacionais andavam a tentar fazer há muito tempo sem sucesso.

Ninguém pensou que a solução era esta! E aqui, com esta surpresa, obriga à nossa adaptação a novas situações, é um teste à nossa capacidade de reação. A solução é algo que ainda não está terminado, maturado, pode-se às vezes saber o caminho, a direção, mas só o local é a solução para um determinado destino. Só chegando ao fim deste processo, podemos aplicar as novas abordagens pessoais, no entanto, tem que se começar a pensar nisso seriamente.

Também, o teletrabalho, a telescola, eram recursos já disponíveis. Mas por variadas razões ainda não tinham sido implementados massivamente como agora. Pois bem, «foi de um dia para o outro» literalmente, que as coisas estavam a funcionar no escritório ou na escola e profissionais e alunos passaram a produzir em casa.

Se calhar, este vírus acelerou alguns processos que demorariam uma eternidade, ou que nunca iriam acontecer por determinadas burocracias ou «defeitos de sociedade democrática».

Esta situação ensina-nos que, as decisões têm que ser à tomadas à velocidade do nosso tempo. Rápidas, incisivas e gerais. Rápidas na execução de medidas, robustas, consistentes e concretas, como fizeram os Macaenses. Acabar com o ruído e com a desinformação, agregando, concentrando num único local toda a informação atualizada, fidedigna e fonte de partilha, como o site Português: estamoson.gov.pt.  As medidas pecam por não englobarem toda a sociedade. As Forças Armadas já deviam estar há muito a zelar bem nosso bem estar. Inclusive os prisioneiros deviam contribuir. Nem que fosse a produzir máscaras, luvas ou outro material essencial. A banca e as seguradoras devem contribuir. Quando queremos dizer todos, temos que incluir todos!

Os novos tempos, vão trazer muitas incertezas, mas é uma época de oportunidades. O futuro é dos mais disciplinados e objetivos. O caminho até lá tem que passar por querer abranger mesmo todos neste«barco».

Quando se tem que contribuir, não se pode exigir mais aos outros, tem que ser igual para todos. Se o Sr. Presidente da República e o Sr. Primeiro-Ministro devolverem 10% do seu ordenado líquido nestes 3 meses, eu vou atrás. Não porque goste particularmente deles, mas porque quero muito que o nosso país avance, 10% do ordenado durante 3 meses.

Quem diz esta medida, outras significativas, mas gerais, que englobem mesmo todos.

Depois, devemos considerar seriamente a nossa estratégia baseada em pouca produção e muitos serviços. Eu sei que isto assim é um pouco arrojado, mas, existe outra resposta do país se nos aproximamos da autonomia no consumo.

O pessoal da saúde, transportes, e outros que não conseguem teletrabalho, deveriam ser recompensados pela responsabilidade na resposta a esta crise, nem que fosse uns dias de férias a mais.

A banca tem que «congelar as dívidas», tem que permitir mais tempo para pagar a quem precisar de o fazer. Têm que acabar, este ano de 2020, com as taxas pagas anualmente pelos clientes. Os senhorios têm que «perdoar uma parte da renda a quem precisar». As novas dívidas terão que ser a «custo zero», visto que, o dinheiro é oferecido, logo, não necessita de ser devolvido.

Há um longo caminho a percorrer para Portugal se tornar «num país a sério», espero que esta situação desperte consciências. Não podemos continuar a tolerar o «deixai fazer, deixai ir, deixai passar», sem consequências. Esses tempos acabaram.

Por mais agradável que sejam as políticas brandas, são ocas, não nos fazem sair da cepa torta. A mentalidade do povo português não tolera a mediocridade das soluções que apresentam, mas deixam andar. Não pode ser.

Hoje em dia, com as novas tecnologias, todos temos opinião. Cabe aos portugueses a titulo individual estabelecerem metas, objetivos de curto prazo, médio e longo prazo, para si e para os seus, mediante esta «nova vida». Deve-se filtrar a informação que se lê e evitar perder tempo com publicações inúteis, porque atrasam o nosso crescimento.

O país precisa que se aposte em produtos nacionais muito mais competitivos sobre os produtos externos. Temos que ter alguma vantagem no negócio em nosso território. Uma taxa nacional e outra internacional, neste sentido. Logo à partida temos vantagem, visto que, somos nacionais.

As empresas terão que ter muitas mais soft skills para reterem os seus recursos. Faço uma pequena ideia, da turbulência entre colaboradores, equipas e entidades, nestas duas últimas semanas.

As pessoas têm que se mentalizar que, os próximos tempos serão difíceis, deve-se atuar com humildade e disponibilidade. Vão surgir muitas oportunidades derivadas da turbulência sanitária e económica. Vão ser tempos para nos reinventarmos, para o lado bom, para o melhor e único lado que nos podemos atirar!

Afinal, somos portugueses, temos uma longa história e podemos continuar a surpreender pela positiva, todos estes povos, que respeitamos, mas que aqui em território nacional e insular, têm que respeitar as regras que este povo definiu para se proteger e projetar globalmente. Temos que nos unir para tratar desta situação. Cada um de nós é muito mais do que a nossa soma.

Enquanto que a questão sanitária não estiver bem resolvida, a questão económica passa para 2.º plano. Sem pessoas a produzir e outras a consumir saudavelmente, a veia económica fica com um enorme garrote a estrangulá-la.